quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Gol de placa!

Neste ano de 2014 que já se encaminha para o fim tivemos no Brasil, além das eleições, a tão esperada Copa do Mundo FIFA. Apesar de toda a expectativa mundial pelos jogos propriamente ditos, confesso que os meus olhos estavam voltados para o pontapé inicial da Copa no 1º jogo, entre Brasil e Croácia, que seria dado por uma pessoa paraplégica usando um exoesqueleto construído por um grupo de cientistas, feito inédito no mundo até então.
Apesar de toda a “politicagem” e, na minha opinião, insensibilidade da FIFA, que transmitiu o acontecimento que já estava limitado a um pequeno espaço na lateral do campo por somente 5 segundos, creio que o esforço de jogador de futebol algum foi maior do que o dos pesquisadores do projeto “Andar de novo” (Walk Again, em inglês). É sobre este projeto e o grande avanço que ele nos trouxe que vou dedicar esse texto. Se você, caro leitor, não viu o momento do pontapé inicial da Copa, aqui está o vídeo da transmissão.
O projeto encabeçado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, com a participação de mais 156 pesquisadores de vários países, começou bem antes da Copa no Brasil. Com ajuda financeira de entidades públicas e de iniciativas privadas, o objetivo era que uma pessoa paraplégica “voltasse a andar”, dando o chute inicial da Copa do Mundo.  Em 17 meses eles construíram um exoesqueleto de aproximadamente 70 kg com auxílio de peças robóticas e tecnologias bem novas, como impressoras 3D.
É o primeiro exoesqueleto do mundo que utiliza as atividades cerebrais para gerar os movimentos, o que eles chamam de uma interação cérebro-máquina. Os sensores do exoesqueleto captam sinais do cérebro através de uma toca de eletrodos que fica na cabeça do paciente e depois é que a movimentação das pernas ocorre, com a ajuda do exoesqueleto que executa a ação. Com o tempo e através da interação frequente corpo-máquina, o cérebro gera uma ilusão de que as pernas estão se mexendo e caminhando enquanto o paciente usa o exoesqueleto.
Depois de todos os testes terem obtido êxito, um dos pacientes voluntários da pesquisa foi então escolhido entre os 14 participantes que já tinham testado o equipamento para chutar a primeira bola na Copa com o auxílio da veste robótica, fato que pode ser considerado uma grande realização para a ciência!
Apesar do sucesso científico já conseguido, em longo prazo os cientistas do grupo de Nicolelis querem ainda aperfeiçoar a máquina e fazer com que a mesma capte de forma mais precisa os sinais elétricos transmitidos pelo cérebro do paciente. Além disso, para que os pacientes se sintam mais confortáveis eles pretendem também deixar a veste mais leve para que possa ser usada literalmente como uma roupa.  
Todos os resultados são publicados em revistas científicas e o pontapé na abertura da Copa foi uma forma de aproximar ciência e população, ao se mostrar esse grande avanço científico em um evento de alcance mundial.
Segundo Nicolelis, a pesquisa tem muito a crescer e com certeza ajudará muitas pessoas que não têm mais a capacidade de andar, o que melhora inegavelmente a qualidade de vida delas. É um verdadeiro gol de placa da ciência!
Se você caro leitor, assim como eu, se interessa pelo assunto, abaixo estão alguns links com mais informações a respeito. Deixe também seus comentários e dúvidas na nossa página!
Por fim, deixo uma frase que li sobre o tamanho avanço científico resultado pela pesquisa (parafraseando Neil Armstrong): “Um pequeno pontapé para o homem, um grande passo para a ciência mundial!”.

Até a próxima!

 Nathália de Moraes
Fale com a pesquisadora: nathalia.esalq.bio@gmail.com
Referências:

[1] TV Globo. (2014). Miguel Nicolelis explica como funciona o exoesqueleto (vídeo). Disponível em: http://globotv.globo.com/t/programa/v/miguel-nicolelis-explica-como-funciona-o-exoesqueleto/3447101/
[2] Release digital. (2014). Informações sobre o projeto Andar de novo. Disponível em: http://www.releasedigital.com.br/aasdap-iinn-els
[3] Nicolelis lab é um site que apresenta de forma dinâmica informações sobre os estudos desenvolvidos pelo pesquisador com notícias, entrevistas e vídeos. Disponível em: http://www.nicolelislab.net/


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